quarta-feira, 24 de abril de 2013

As facetas de Letramento e Alfabetização com base no artigo de Magda Soares


O surgimento do termo de letramento no Brasil no meados dos anos 80, simultaneamente com Portugal e França, com objetivos de sanar as dificuldades de leitura e escrita e de integração das pessoas socialmente e no  trabalho. A partir do conceito de alfabetizado que vigorou até o censo de 1940, como aquele que declarasse saber ler e escrever, o que era interpretado como capacidade de escrever o próprio nome: passando pelo conceito de alfabetizado como aquele capaz de ler e escrever um bilhete simples.
No decorrer dos anos 1940 no Brasil, ocorreram algumas mudanças no concite de alfabetização, fazendo que o individuo não tenha só aprendido a ler e a escrever, mas sim fazendo o uso a leitura e da escrita. Os termos letramento e alfabetização se confundem porque nos quadros das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas da leitura e da escrita a entrada da criança no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: alfabetização e letramento. Não são processos independentes, mas interdependentes. São processos de natureza fundamentalmente diferente, envolvendo conhecimentos, habilidades e competências específicos, que implicam formas de aprendizagem diferenciadas consequentemente, procedimentos diferenciados de ensino.
Quando tratamos sobre desinvenção da alfabetização, Magda Soares aponta a reorganização do sistema de ciclos como sendo uma das causas do fracasso de aprendizagem. Devido a uma diluição ou uma preterição de metas e objetivos a serem atingidos gradativamente ao longo do processo de escolarização; o princípio da progressão continuada, que, mal concebido e mal aplicado, pode resultar em descompromisso com o desenvolvimento. Gradual e sistemático de habilidades, competências, conhecimentos.
Magda Soares também fala sobre as falsas inferências e equívocos provocados pelo construtivismo-socioconstrutivismo em relação à alfabetização, sobretudo no momento atual, em que os equívocos e falsas inferências anteriormente mencionados levaram alfabetização e letramento a se confundirem, com prevalência deste último e perda de especificidade da primeira, o que se constitui como uma das causas do fracasso em alfabetização que hoje ainda se verifica nas escolas brasileiras, a distinção entre os dois processos e consequente recuperação da especificidade da alfabetização tornam-se metodologicamente e até politicamente convenientes, desde que essa distinção e a especificidade da alfabetização não sejam entendidas como independência de um processo em relação ao outro, ou como precedência de um em relação ao outro.
Ela propõe que em primeiro lugar, a necessidade de reconhecimento da especificidade da alfabetização, entendida como processo de aquisição e apropriação do sistema da escrita, alfabético e ortográfico; em segundo lugar, e como decorrência, a importância de que a alfabetização se desenvolva num contexto de letramento – entendido este, no que se refere à etapa inicial da aprendizagem da escrita, como a participação em eventos variados de leitura e de escrita, e o consequente desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes positivas em relação a essas práticas; em terceiro lugar, o reconhecimento de que tanto a alfabetização quanto o letramento têm diferentes dimensões, ou facetas, a natureza de cada uma delas demanda uma metodologia diferente, de modo que a aprendizagem inicial da língua escrita exige múltiplas metodologias, algumas caracterizadas por ensino direto, explícito e sistemático – particularmente a alfabetização, em suas diferentes facetas – outras caracterizadas por ensino incidental, indireto e subordinado a possibilidades e motivações das crianças; em quarto lugar, a necessidade de rever e reformular a formação dos professores das séries iniciais do ensino fundamental, de modo a torná-los capazes de enfrentar o grave e reiterado fracasso escolar na aprendizagem inicial da língua escrita nas escolas brasileiras.

SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. São Paulo, 2003. Disponível  em:<https://mailtachment.googleusercontent.com/attachment/u/0/?ui=2&ik=a4dbe5a13b&view=att&th=13e19a0f066d120c&attid=0.1&disp=inline&safe=1&zw&saduie=AG9B_P8wjlfT59x8CmcVitzP_7h4&sadet=1366853385255&sads=0rXqn3KTjKLrw7k8cOWCWmP-lFs&sadssc=1 >.Acesso em: 24 abr. 2013. 20:35min.

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